MITOS E VERDADES

Os três mitos do Potássio mais difundidos entre os profissionais e o que diz a pesquisa científica

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Quando se trata de administrar um programa de correção do solo, o potássio tem sido relegado a segundo plano.

Podemos inumerar três causas principais: custo da matéria prima, desconhecimento da importância do nutriente na nutrição mineral das plantas e, finalmente, o descuido do profissional ao recomendar calcário sem contemplar a elevação simultânea do potássio.

O fato é que solos com deficiência de K favorecem o aumento da incidência de pragas e doenças nas culturas. Esse fenômeno é favorecido pelo desequilíbrio entre os nutrientes cálcio, magnésio e potássio.

Mascarenhas (1988), em trabalhos de pesquisa na cultura da soja, elencou diversos problemas ocasionados pelo desequilíbrio entre Ca, Mg e K. Presença de haste verde, retenção foliar, queda de vagens e formação de frutos partenocárpicos são alguns dos problemas citados por Mascarenhas que reduzem a produtividade da cultura.

O problema não se limita à cultura da soja. O desequilíbrio de bases se manifesta de forma generalizada em todas as culturas.

A soja é a que apresenta os sintomas mais visíveis. Um dos problemas é o alto crescimento vegetativo, que acaba não convertendo em altas produtividades.

Reverter essa situação não é tarefa fácil. As dificuldades começam na capacitação técnica do profissional e se estendem até a aceitação pelo agricultor em reconhecer esses problemas.

Nos inúmeros casos atendidos por nossa equipe, os levantamentos da fertilidade do solo apontavam baixos níveis de potássio, em contraste com altos teores de cálcio e magnésio.

Em virtude das baixas produtividades, a primeira providência adotada pelo produtor é a aplicação de calcário na área. É aqui que o problema assume proporções alarmantes, tendo em vista a repetição das aplicações de calcário.

Selecionamos os principais motivos que contribuem para a manutenção do quadro de desequilíbrio dos solos:

  • Calagens indiscriminadas e sem orientação de um profissional;
  • Uso de calagem como alternativa para os baixos rendimentos;
  • Uso da fórmula NC para cálculo da calagem, sem considerar a elevação do potássio;
  • Relutância do agricultor em corrigir o potássio tendo em vista os custos envolvidos;
  • Acreditar que o potássio lixivia, independente do tipo de solo.

Estamos empenhados em equilibrar os solos e ajudar você a identificar esse tipo de problema muito frequente nas propriedades agrícolas.

Conheça agora os três mitos do potássio mais difundidos:

1. Lixiviação de potássio;
2. Classificação do teor de potássio no solo;
3. Correção do potássio na correção da acidez.

1º Mito: Potássio lixivia?

Fomos encontrar a reposta em diversas pesquisas científicas de longa duração.

O potássio lixivia em condições muito específicas: solos com menos de 20% de argila ou solos com CTC muito baixa. E convenhamos: 90% dos solos cultivados com culturas anuais apresentam teores de argila acima de 20% e CTC maiores que 5,0.

Para derrubar o mito da lixiviação de potássio, selecionamos três pesquisas científicas de grande importância.

A primeira delas, realizada pela Embrapa-Soja/Londrina-PR, nos anos de 1978 a 2004 (26 anos), analisou o comportamento do potássio no perfil em três latossolos argilosos no estado do Paraná, nos municípios de Londrina, Mauá da Serra e Campo Mourão.

Foram feitas amostragens de perfil do solo até 100 cm de profundidade, estratificadas de 0-20cm, 20-40cm, 40-60cm, 60-80cm e 80-100cm. Desse solo foram retiradas amostras de cada uma das camadas, repetidas ano a ano, durante os 26 anos de pesquisa.

E qual foi a conclusão? O íon K+ não desceu além de 50 cm de profundidade, zona ocupada pelas raízes das plantas, responsáveis pela absorção dos nutrientes. E o mais importante: o nutriente ficou concentrado nas camadas de 0-20 cm e 20-40 cm de profundidade.

No segundo experimento, conduzido por Oliveira et al (2004), em Itiquira-MT, em latossolo Vermelho Amarelo de textura média, com 22% de argila, a aplicação de K promoveu aumento significativo da disponibilidade de K-trocável no solo, na camada de 20-40 cm. A retenção de K na camada de 0-20 cm foi reduzida em decorrência da baixa CTC desse solo.

No entanto, “como o processo mais intenso de lixiviação ficou limitado à profundidade de 40 cm, o nutriente permaneceu disponível para as plantas, ainda concentrado em uma profundidade de ocupação do solo pelas raízes das plantas.” (Oliveira et al, 2004).

O terceiro experimento, conduzido pela Embrapa Soja-Londrina, no município de Guiratinga-MT, nos anos de 1998, 1999 e 2000, em latossolo Vermelho Amarelo, com 19% de argila, os pesquisadores constataram movimento do íon K+ no perfil, para a camada de 20-40 cm, nas doses superiores a 120 kg/ha de K2O, ainda concentrado na profundidade de ocupação do solo pelas raízes.

Esses experimentos, conduzidos por órgãos de referência em pesquisa, trazem luz para que possamos desenvolver o trabalho de recomendação de correção dos solos de forma mais segura.

Podemos recomendar a adubação corretiva do potássio, de modo a evitar os danos às culturas, quando o desequilíbrio dos nutrientes Ca, Mg e K se faz presente nos solos, sem receio de que esse nutriente seja lixiviado, na maioria das vezes.

Evidentemente, em solos com teores de argila menores que 20% ou em solos de baixa CTC (abaixo de 4 a 5 cmolc/dm3), devemos evitar a perda de potássio pelo processo de lixiviação.

2º Mito: Classificação dos teores de potássio no solo

Vamos analisar a tabela:

Essa é a tabela que aprendemos para os parâmetros de K, que devem ser observados na avaliação da fertilidade dos solos.

Mas, onde está o problema? A tabela não leva em conta o tamanho da CTC. Na maioria dos solos, os valores indicados como teores medianos acabam confundindo o profissional, por induzir a calagem sem a correção do K.

No estado do Paraná, excluídos naturalmente os solos do Arenito Cauiá, a CTC situa-se, na maioria dos casos, acima de 8,0 cmolc/dm3, chegando até 20 cmolc/dm3.

Vamos analisar esta questão!

Uma análise de solo com CTC de 16 cmolc/dm3 e teor de K de 0,12 cmolc/dm3 ocorre com bastante frequência nos solos da região. Pela tabela, constatamos que o teor de potássio está categorizado na classe nível médio, ou seja, não haveria necessidade de correção do elemento.

Considerando que o solo tenha uma saturação de bases (V%) de 40% (soma de Ca, Mg e K), devemos fazer a calagem para elevar a saturação a 70%, seguindo o conceito da elevação de V% para valores adequados para as culturas.

No exemplo da calagem para elevação da saturação de bases, a correção de potássio não está contemplada, tendo em vista os níveis de K estarem dentro da faixa de nível médio, portanto, em níveis adequados.

Como ficaria o solo:

Examinando a tabela, fica evidente a grande bobagem que estamos fazendo em termos de fertilidade do solo, não é verdade?

Veja que a relação (Ca+Mg)/K está em 92,3 valor três vezes acima do máximo recomendado por Mascarenhas (1988), segundo o qual valores da relação acima de 28:1 já se constata deficiência de potássio na cultura da soja.

Veja que estamos falando da cultura da soja. Contudo, todas as culturas sofrem danos pelo desequilíbrio nutricional.

Mais importante que os teores de K no solo, devemos levar em conta a saturação do elemento na CTC. A elevação dos teores de cálcio e magnésio deve ser acompanhada do aumento proporcional dos teores de potássio para manutenção do equilíbrio eletroquímico desses nutrientes.

O nível de potássio considerado adequado para a maioria das culturas, de acordo com Malavolta (2006), situa-se entre 3 a 5% de saturação na CTC.

3º Mito: Correção do potássio na correção da acidez

Geralmente, calculamos a calagem pela fórmula NC e esquecemos que o potássio também participa do equilíbrio dos nutrientes na CTC do solo.

A prática de recomendar a calagem sem observar a saturação de potássio tem sido erro recorrente nas recomendações.

A culpa se deve tanto aos mitos descritos acima, como a fórmula de cálculo da calagem que, para simplificar os cálculos, acabou relegando a segundo plano o equilíbrio de bases no complexo de troca do solo.

Muitos agricultores fazem a calagem sem ter a análise e sem conhecer os teores de Ca, Mg e K no solo. Segundo diversos pesquisadores, o equilíbrio dos nutrientes é mais importante que seus teores.

Aumentar a produtividade agrícola é um desafio constante para os agricultores modernos. Se você está lutando com baixos rendimentos nas suas lavouras, nós entendemos as dificuldades que isso pode causar. Apresentamos a solução: nosso inovador sistema de recomendação de corretivos e fertilizantes, projetado para impulsionar sua produção e garantir colheitas mais abundantes.

Nossa jornada por insights em fertilidade do solo continua. Se este conteúdo foi esclarecedor, contribua, inscreva-se no canal Solo Equilibrado no Youtube para receber mais informações sobre fertilidade do solo e não deixe de compartilhar com outros entusiastas agrícolas. Vamos juntos impulsionar o conhecimento sobre os mitos do potássio e promover práticas agrícolas mais sustentáveis.

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