INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISES
Qual é o melhor calcário para usar na correção do solo? Branco ou escuro? Conheça as diferenças!
Receba conteúdos exclusivos e de relevância em Fertilidade do Solo
Quero apresentar para você duas formas de se corrigir o solo.
A primeira delas, a fórmula NC, expressa como NC = (V2 – V1) x T x f/100, é a mais utilizada no dia a dia pelos profissionais e serve para corrigir a acidez do solo com a utilização de calcário.
Mas, aqui é que surge o grande problema: a planta não sobrevive só de correção de acidez. A planta precisa de cálcio e magnésio em proporções adequadas para maximizar os rendimentos na colheita, além é claro de outros nutrientes como potássio, fósforo, enxofre e micronutrientes que vamos abordar em outros artigos.
E muitos agricultores quando vão aplicar o calcário em suas propriedades, não observam que o calcário dolomítico, conhecido no mercado como calcário branco e o calcário calcítico chamado de calcário escuro possuem diferenças gigantescas em termos de nutrição.
Enquanto a maioria dos tipos de calcário branco possui cálcio e magnésio na proporção 1 pra 1 (ou seja, aumenta uma parte de cálcio e 1 parte de magnésio), no calcário escuro praticamente só encontramos cálcio e dependendo da relação entre os nutrientes presentes no solo, a escolha do tipo de calcário irá modificar toda a fertilidade.
Portanto, quando você escolhe o calcário somente pra corrigir a acidez está perdendo a oportunidade de produzir mais.
Na correção, você busca a elevação do pH para neutralizar a acidez e favorecer o desenvolvimento das culturas.
Porém, não podemos esquecer que a planta absorve cálcio, magnésio e potássio em doses elevadas. E não é só a absorção que ocorre com intensidade. Existe uma competição acirrada na absorção dos nutrientes cálcio, magnésio e potássio pela planta.
Portanto, nós não utilizamos a fórmula NC devido a sua limitação em observar essa interação dinâmica entre os nutrientes.
De posse de uma análise de solo, identificamos o valor da CTC e a distribuição dos elementos cálcio, magnésio e potássio dentro da CTC.
CTC, para quem não é familiarizado, é o reservatório dos nutrientes cálcio, magnésio e potássio, mais a fração ácida H + Al.
Guarde esses números: abaixo de 8 cmolc trata-se de uma CTC baixa encontrada com frequência em solos arenosos e acima de 8 cmol corresponde a uma CTC alta, comum nos solos argilosos.
Depois que você identificou o valor da CTC na análise, o próximo passo é escolher a saturação de bases que você quer atingir na correção (lembrando que saturação de bases é a soma de cálcio, magnésio e potássio).
A escolha do calcário influencia diretamente os níveis de cálcio e magnésio do solo. Por isso, escolher o calcário certo faz toda a diferença no manejo da Fertilidade.
Este artigo foi dividido em duas etapas. Na primeira, um exemplo prático para você entender qual o melhor calcário em cada situação e a segunda etapa de como esse calcário pode afetar negativamente a produtividade pela falta de potássio no solo.
Qual o melhor calcário para utilizar na correção?
No exemplo prático, vamos analisar um solo com CTC de 12 cmol, 30% de cálcio, 11% de magnésio e 1% de potássio. Somando cálcio, magnésio e potássio, temos uma saturação de bases de 42%, o que é um valor baixo para solos de alta produtividade.
Para entender esses números de cálcio e magnésio em porcentagem, devemos recorrer para algum ponto de referência, algum padrão que nos ajude a determinar se esse valor é baixo, médio ou alto.
E pra isso, vamos observar como a pesquisa padroniza os valores de cálcio, magnésio e potássio.
Malavolta, por exemplo, afirma que para você buscar solos altamente produtivos, devemos saturar o cálcio entre 50 e 60%, o magnésio entre 10% e 15% e o potássio de 3% a 5%.
No meu exemplo, o solo estava com 30% de cálcio, 11% de magnésio e 1% de potássio, totalizando 42% de saturação de bases.
De cara já descartamos o calcário dolomítico. Como pretendo elevar a saturação de bases para 70%, a diferença de 70% que eu quero atingir para os 42% que já possuo de saturação, resulta em 28%. Portanto, aumentarei a saturação do solo em 28%.
O calcário dolomítico eleva 1 parte de cálcio e 1 parte de magnésio. Nesse exemplo, elevaria 14% de cálcio e 14% de magnésio. Ficaria com 44% de cálcio e 25% de magnésio.
Seguindo o princípio do Malavolta e do equilíbrio de nutrientes, o cálcio estaria abaixo do mínimo de 50% e o magnésio com excesso, muito acima do máximo recomendado.
Se optasse pelo calcítico estaria invertendo a situação com excesso de cálcio e deficiência de magnésio.
Resumindo, nem um nem outro. Há situações que só um calcário não consegue atender aos objetivos de se buscar solos altamente produtivos. E qual a solução para esse caso?
Trabalhar com associação de calcários. Associar calcários nada mais é do que aplicar o calcário branco e depois o calcário escuro. Não é misturar os calcários. Os dois calcários entram no cálculo da saturação de bases e vão elevar cálcio e magnésio no solo, porém serão aplicados separadamente.
Para finalizar esse caso, não podemos esquecer do potássio. Existe um problema sério em relação à correção de potássio, quando não é feita em conjunto com a calagem.
Ajuste fino do Potássio - (Ca + Mg)/K
Existe uma relação de equilíbrio entre o cálcio, magnésio e potássio, que chamamos de ajuste fino. Essa relação (Ca + Mg)/K impacta diretamente na produtividade de todas as culturas, como a soja por exemplo.
Quando essa relação de ajuste fino está desequilibrada, acima de 28, há diversas doenças associadas que impactam na produtividade. A soja é uma das culturas afetadas e os sintomas possuem nomes peculiares: haste verde e retenção foliar.
Não adianta associar calcário se não corrigirmos o potássio no solo. Pegando nosso exemplo e aplicando a relação de ajuste fino, teríamos (44 + 25)/1 (lembrando que são valores após a correção com calcário), ou seja, a relação estaria em 69.
Nos trabalhos de Mascarenhas (disponíveis no site do IAC), a relação acima de 28 já traz consequências negativas para várias culturas como o aparecimento da Haste verde e Retenção Foliar na soja.
Portanto, observar os nutrientes cálcio, magnésio e potássio na CTC é primordial para buscamos solos altamente produtivos e a escolha do calcário não pode ser genérica, deve ser pautada em critérios técnicos.
Além de saber escolher o calcário, você precisa cuidar das relações entre os nutrientes.
Se a CTC é o reservatório dos nutrientes cálcio, magnésio e potássio, conhecer os teores de cada nutriente é o primeiro passo para interpretar uma análise de solo.
Saber usar o calcário correto, na quantidade certa e corrigir o potássio mantendo a relação de ajuste fino abaixo de 28 é imprescindível para nos tornamos especialistas em Fertilidade dos Solos.
Aumentar a produtividade agrícola é um desafio constante para os agricultores modernos. Se você está lutando com baixos rendimentos nas suas lavouras, nós entendemos as dificuldades que isso pode causar. Apresentamos a solução: nosso inovador sistema de recomendação de corretivos e fertilizantes, projetado para impulsionar sua produção e garantir colheitas mais abundantes.
Nossa jornada por insights em fertilidade do solo continua. Se este conteúdo foi esclarecedor, contribua, inscreva-se no canal Solo Equilibrado no Youtube para receber mais informações sobre fertilidade do solo e não deixe de compartilhar com outros entusiastas agrícolas. Vamos juntos impulsionar o conhecimento sobre o tipo correto de calcário a ser utilizado e promover práticas agrícolas mais sustentáveis.
Receba conteúdos exclusivos e de relevância em Fertilidade do Solo
Achou legal essa publicação? Comente abaixo.